quinta-feira, 14 de abril de 2016

Terno de Couro

© 2010 Adri Felden/Argosfoto


No sertão do moxotó
Vaqueiro corre no mato
O seu couro é só maltrato
De jurema e de malícia

Mandacaru, xique-xique
Toda galha enviesada
É uma faca amolada
Pronta pra dar o talho

Mas tal qual os cavaleiros
Dos tempos medievais
O matuto também traz
Armadura em seu corpo

Trajado de grosso couro
Montado em seu alazão
Não tem rês nesse sertão
Que escape do seu laço

Mas tem um tipo de talho
Que o gibão não empata
Nem armadura de prata
Consegue lhe segurar

É o talho do amor
Quando pega um peito aberto
Sempre acerta o veio certo
Não tem como escapar

Quebra a ignorância
Amolece a valentia
Faz da noite logo dia
No tempo de um piscar

Só me falta um guarda peito
De couro fino curtido
Que segure o remoído
Do amor a malratar

terça-feira, 5 de abril de 2016

Madrugada

Barco à Noite, por Élide L. Bartolo. Óleo sobre tela.


O navio da noite
singrando as águas
do mar da solidão.